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Por Allan Melo; da Redação


A tecnologia Gorilla Glass virou sinônimo de "tela indestrutível" no mercado de dispositivos móveis. Para os consumidores, comprar um smartphone ou tablet com a tal tela significa, praticamente, ter uma garantia; quase um seguro. O problema é que ela nunca se dispôs a tanta confiança, e o público exagerou ao interpretar suas promessas.

Tecnologia Corning Gorilla Glass é forte, mas não é inquebrável (Foto: Reprodução/Tumblr/Imonstrosity) — Foto: TechTudo
Tecnologia Corning Gorilla Glass é forte, mas não é inquebrável (Foto: Reprodução/Tumblr/Imonstrosity) — Foto: TechTudo

No Brasil, os maiores críticos desta tecnologia são os consumidores do Galaxy S3. Frustrados por verem suas telas quebradas em pequenas quedas ou tombos, muitos reclamam em fóruns e redes sociais que a Samsung não usou componentes de boa qualidade no modelo brasileiro.

A fabricante garante que o aparelho nacional não tem nenhuma diferença em relação aos disponíveis em outros locais do mundo, mas ninguém acredita. Afinal, como aquela tela que tanto mostraram suportando testes de stress pode quebrar tão facilmente? A Corning, fabricante, responde:

"A Gorilla Glass é capaz de sobreviver a maioria dos eventos do mundo real que comumente possam causar arranhões ou a quebra do vidro, mas se sujeita a danos suficientes, a Gorilla Glass, como todos os vidros, pode quebrar. Nós recomendamos que você entre em contato com o fabricante do dispositivo para rever a sua garantia e seu suporte técnico."

Sua história - e histórico - sempre deram esta certeza de fragilidade. Elas nunca foram "inquebráveis". Afinal, o iPhone não é tido como um dos smartphones mais frágeis?

Voltando às origens

iPhone 4 quebrado: smartphone chegou a estigmatizar por sua fragilidade (Foto: Reprodução/Digital Trends) — Foto: TechTudo
iPhone 4 quebrado: smartphone chegou a estigmatizar por sua fragilidade (Foto: Reprodução/Digital Trends) — Foto: TechTudo

Quando Steve Jobs decidiu fazer o primeiro smartphone da Apple, em 2006, descobriram que sua tela de plástico não resistia a arranhões. O principal problema acontecia quando, durante as pesquisas, eles colocavam o telefone no bolso junto com um molho de chaves ou moedas. Jobs, então, decidiu que não trabalharia mais com plástico. A tela seria de vidro.

Daí surgiu outro problema: onde a Apple conseguia achar ou fabricar um vidro com a resistência que precisavam? A dúvida perdurou até que alguém recomendou a Corning, que trabalha com vidros em todas as suas aplicações: de telas LCD a vitrines de lojas.

Então ele (Steve Jobs) voou para a Corning, em Nova York, sentou na frente do CEO (da Corning), Wendell Weeks, e disse: "É isso o que eu quero, um vidro que possa fazer isso." Então, Wendell Weeks disse: "Nós, uma vez, desenvolvemos um tipo de processo que criou algo que chamamos de Gorilla Glass". E Steve disse: "Não, não, não. É assim que se faz vidros muito fortes." E Wendell disse: "Espere um minuto, eu sei como fazer vidros fortes. Cala a boca e me escuta." E Steve, por seu crédito, se calou e ouviu, e Wendell Weeks descreveu o processo para fabricar o Gorilla Glass. E Steve então disse: "Ótimo. Em seis meses eu quero o suficiente - seja lá o que isso for - para fazer um milhão de iPhones". E Wendell disse: "Sinto muito, mas nós nunca realmente fizemos isso. Nós não temos uma fábrica para fazer isso. Este foi um processo que desenvolvemos, mas nunca tivemos uma fábrica de fazê-la." E Steve olhou para ele e disse para ele o que falou para Woz há 20, 30 anos atrás: "Não tenha medo, você pode fazer isso."

   - Entrevista com Walter Isaacson, autor da biografia oficial de Steve Jobs, para a CNN.

Comportamento comum em danos nos vidros de Soda e no Gorilla Glass (Foto: Divulgação) — Foto: TechTudo
Comportamento comum em danos nos vidros de Soda e no Gorilla Glass (Foto: Divulgação) — Foto: TechTudo

Depois deste encontro, a Corning começou a fazer o Gorilla Glass em larga escala em uma de suas fábricas nos EUA. Em junho de 2007, então, apareceu discretamente ao mundo pela primeira vez equipando o iPhone.

Bom com ele, muito pior sem ele

Acostumado com o desempenho da nova tecnologia, o consumidor "esqueceu" como era fácil ter problemas com as telas dos dispositivos móveis. Os velhos Nokias, por exemplo, não tinham telas sensíveis ao toque, e por isso poderiam usar espessas camadas de plástico para protegê-las.

Já as primeiras versões de telefones touch usavam o plástico, mas estas se provaram fracas para a nova tecnologia: por sua maleabilidade, a aplicação mais prática foi a construção de telas resistivas, incapazes de reconhecer mais de um toque. Se fossem mais rígidas, quebrariam pela fina espessura. Mais grossas, perderiam a sensibilidade. Outro detalhe dessas telas é a deterioração natural, deixando a tela "acinzentada" depois de tantos arranhões e atritos.

A solução, então, era o vidro.


Já em sua segunda versão, o Gorilla Glass hoje promete mais do que a resistência a arranhões, mas continua sendo um vidro. Os testes exibidos em feiras são feitos em condições controladas, atingindo apenas os pontos mais resistentes do material. Mas ele continua sendo só vidro, apesar de ser um baita vidro.

Portanto, quando você comprar o seu próximo smartphone, tenha em mente que as telas da Corning não fazem milagres. Elas não tornam seu smartphone inquebrável. Até porque a mesma tela Gorilla Glass 2 que equipa o Galaxy S3 também se faz presente no Lumia 920; e os dois apresentam comportamentos completamente diferentes nos testes de resistência. Veja este teste de resistência do Galaxy S3 vs o iPhone 5, e este outro teste de quedas do Lumia 920.

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